Tuesday, October 10, 2006

da série: eu sou um poço de sensibilidade.

porque ontem eu chorei e chorei e chorei antes de dormir.

tinha nada errado comigo. a casa estava limpa (a casa suja me dá vontade de chorar), tinha passeado com o cachorro e por isso ele dormia tranquilamente na varanda sem importunar pra entrar em casa e os gatos dormiam enroscados no sofá ao meu lado. eu tinha suco de laranja, salgadinhos sem gordura trans e chocolate. não tinha belisco, mas também não tinha tpm. tinha nada errado comigo.
mas aí começou o ER e eu pensei que seria um daqueles episódios não tão legais que são longe do hospital, do sangue, das emergências. dr. greene estava morrendo e isso eu sabia desde o episódio passado. ele morreu, foi o que disseram assim que o episódio começou. pensei que fosse isso e ponto final.
aí rolou uma retrospectiva dos últimos dias dele em vida, com a filha, no havaí (um bom lugar pra se bater as botas).
a filha dele é chata demais, coitado. parece a minha irmã, emburrada, que não dá o braço a torcer. parece um pouco comigo também, mas eu acho ela chata, então não acho que parece tanto assim.
o dr. greene, acreditem, parece meu pai. quer agradar e ver a gente feliz. se esfola se esfola se esfola. e é forte o bicho, tenho pena. porque ele é forte, e se esfola e é japonês. não divide, saca? e continua sendo forte, se esfolando e sendo japonês. aí eu tenho pena, e tenho vontade de estar perto.
mas a gente já não serve pra ficar perto. ele tem a vida corrida dele e eu tenho a minha vida corrida. eu mal dou conta de me dar atenção e ele mal dá conta de se dar atenção. aí fico eu daqui querendo saber se ele tá bem, e se ele diz que tá eu digo tudo bem e tchau. ele fica de lá querendo saber se eu tou bem, e se eu digo que tou ele diz tudo bem e tchau. a gente não gasta muito telefone. só que às vezes ele não tá bem, acho, porque às vezes eu também não tou bem. mas ele tá lá e eu tou cá, quer dizer, normalmente é melhor dizer que tá tudo bem e tchau mesmo. e eu tenho pena. porque eu tenho o belisco, e o tobias, o bud e a clara. um de cada modelo em casa. e ele tem ninguém em casa. tem ele e o dvd do 24 horas que ele adora. e tem trabalho também. não tem um de cada modelo.
queria que meu pai tivesse uma família. não feito a nossa, que é toda toda errada. queria que ele tivesse filhos que morassem com ele, tirassem as melhores notas no colégio e fossem pescar com ele no final de semana. queria que ele tivesse uma casa e um labrador e uma esposa que conversasse sem gritar.
e o dr. greene foi morrer no havaí. e fez uma lista de coisas que gostaria de ter feito. ele disse que estava sentindo pena dele mesmo. eu também senti. e lembrei do meu pai.

é, chorei demais ontem à noite.

7 comments:

Anonymous said...

buuaaaaahhhhhhhhh!!!!!!

então, apareceu plaquinha de vende-se aqui.
o zelador não sabe de nada, então vou te dar a honra de ligar e descobrir quanto é.
tem uns 6 pet-shops num raio de sem metros, tem trilhões de dvds com temporadas de ER, 24, House, Lost, Greys Anatomy (blergh), Six Feet Under e etc.
tem vaga na garagem.
e tem eu.

liga lá 85363869.

é esquema particular, sem imobiliária (o que facilita TUDO).

e rezemos pelo dr. greene, pelo dr. carvalho e pelo dr. sato.
todos muito japoneses.

Anonymous said...

"Sem metros" foi foda!

May said...

carvalhoamordaminhavida, seu endereço, please.
não fui tantas vezes assim na sua casa pra lembrar do nome da rua. e a última lembrança que eu tenho de lá não é, digamos assim, muito clara. (na verdade, faz parte das lembranças que eu quero esquecer. afe maria.)

orbigadíssima pela dica, ainda que eu saiba que o seu apartamento - grande, enorme, cheio de quartos e paredes - está além das minhas posses. Vou tentar né, custa nada.

tava pensando agora.
quero esquecer nada. tanta coisa aconteceu naquela noite que eu nem acredito.
eu tinha um fênix e um psicopata atrás de mim. um carro amarelo. sinuca. vinheta da mtv. gentes esquecidas. mr. monti no bar. sua cara de cú. eu levando gentes horríveis pra sua casa. você me expulsando de lá. casa do livreiro. pó. muito pó. gentes esquisitas largadas no sofá. gentes trepando ao som de morphine. micro pênis.

Aaaaaaaaaaaaah, quero esquecer sim.

rss, eu não devia escrever isso aqui né?! há, quem se importa?

Anonymous said...

hahahahahahah! o mais legal daquela noite foi que eu confisquei todas as cervejas.
e o fábio correndo pra lá e pra cá anotando os pedidos de esfihas das pessoas.
Há boatos de que alguns apartamentos no prédio são bem baratos, porque são velhos e estão caindo aos pedaços.
Daí a gente faz um mutirão Mi Casa / Su Casa, e resolve.
Aqui é tão bom de se viver, may.
Dá até pra ter família e NÃO enlouquecer. (eu acho).

E viva o blog-chat.

Anonymous said...

e o end é Dr. Franco da Rocha, 546.
please apague isso aqui depois q ler. vai saber que tipo de maníaco anda por aqui.

May said...

eita. não sei apagar comentários. hehe.

verdade.

Anonymous said...

acho que vc clica pra editar o post, e clica em moderate comments, ou algo do tipo.
bom, qualquer coisa apaga essa bagaça inteira uai.