Sunday, March 05, 2006

Dia desses comecei a listar, pra colocar no blog, alguns pontos a meu respeito.
Coisas tipo:
* Eu já...
* Eu não...
* Eu gosto...
* Eu não gosto...
* Uma vez eu...
Um dia meio triste, daqueles em que a gente só consegue lembrar de passagens chatas, listei uns 20.
Fui escrevendo sem me importar com o que era ou não relevante, com o que eu queria ou não que os outros soubessem. Terminados os 20, resolvi dar uma lida pra ver o que tinha saído. Cara, que coisa mais aterrorizante. Não preciso nem dizer que nem terminei de ler e já apaguei todos eles né?!

Uma vez eu disse a um amigo que escreve coisas por aí que o que me incomodava nos contos dele eram as referências. Eram todas muito claras pra mim, todas próximas demais. Quando eu me enxergava nelas então, tinha vontade de rasgar todo aquele papel.

Mais do que não conseguir, não quero me expor. E como personagem principal, a gente precisa desvendar alguns lados não desvendáveis. Que (ilusão necessária) são meus, só.

Egoísta, cínica, são adjetivos que sim, eu uso em relação a mim mesma. Mas citar fatos que levam as outras pessoas a concordarem com isso, é demais pra mim. Não que meu amigo, por exemplo, me denegrisse nos textos dele, mas o outro lado é tão difícil quanto de se mostrar.

Elogios me deixam desconcertada. Nunca sei o que dizer, o que responder, e a partir daí me pego pensando em como não deixar que os outros mudem, por minha culpa, a imagem que construíram. A partir daí não me sinto mais tão a vontade. É besteira, eu sei, mas acabo pisando em ovos, pensando demais em como agir e no que dizer, coisa que com o tempo passa, mas que enquanto persiste me irrita profundamente.

Por isso eu prefiro o silêncio. Prefiro as pessoas que demonstram, sem as palavras, que gostam de mim. Pessoas que demonstram, sem as palavras, quando estão chateadas ou quando alguma coisa as desagrada.
A gente saca essas coisas. Quando a gente se importa, percebe tudo isso de forma muito clara. E eu acho que sem as palavras, manter algumas coisas ou mudar outras, se tornam mais fáceis. As coisas quando ditas, tomam forma, cor, textura. Os sentimentos deixam de existir só pra você, timidamente, embaçados. Uma palavra dita torna-se fato. Impossível, nessa hora, fazer com que ela desapareça. Mudar de idéia, isso é fácil. Mas o que foi dito, registrado, continuará lá. E o pior, compartilhado.

Um lance que me tira realmente do sério é ter alguém do seu lado que não saca esse meu jeito. Que fica cutucando pra que você diga coisas que são completamente óbvias.
Se estou chateada, pode ter certeza de que isso vai ficar muito muito claro. Perguntas do tipo: você tá brava? te chateei? me enervam, e só colaboram pra que as coisas se agravem.
Também não dá pra ter alguém do seu lado que finge que não percebe e tenta mudar, através de um monólogo, de assunto. Se eu não respondo duas, três vezes, aos apelos para que o diálogo seja estabelecido, pelamordequalquercoisa, cale-se.

É, eu gosto do silêncio.

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Coisa mais absurda, escrever a respeito da não exposição num blog. Numa pagininha da internet que tá aí, pra quem quiser ver (ainda que eu me esforce pra mante-la em sigilo).
Enfim, quem aqui falou em coerência?

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Mais coisas a serem ditas a respeito, mas a preguiça me consome. Quem sabe, numa outra hora, eu arrume melhor as idéias.

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