Thursday, March 16, 2006

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Tenho um sério problema com as crases. Acho bonito bonito. Por mim, usava em todos os a´s que me aparecem por aí. E de vez em quando eu uso em tudo mesmo, como quem não quer nada, pra deixar tudo mais bonito.

Problema semelhante eu tenho com o h do há. Um charme, sabe. Dá uma encorpada nas coisas. Mas esse eu tenho mais medo de usar, que muda o sentido das frases da gente.

(acho que meu problema mesmo é com o a solitário. fica lá todo espaçoso no meio da frase, alguém tem que colocar limite nessas letras)

Com vírgulas eu não preciso nem falar. Me perco nessa mania de ritmo, de respiração, do tempo em que o que deve estar representado ali é um arquear de sombrancelhas, um contorcer de lábios ou um piscar mais longo. Coisa de doido né?!

(essa semana fiz uma descoberta fenomenal. descobri o que diabos significam aquelas letrinhas entre parênteses no meio das frases, perdidas. mas não conto qual é que eu tenho vergonha. demorei mil anos pra descobrir, mais por achar que alguém deveria um dia me ensinar espontaneamente do que por qualquer outra coisa. quando a curiosidade apertou eu perguntei. mais pra frente eu me acostumo com elas e começo a usar por aí, como se fosse coisa minha desde sempre. obrigada andré)


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Continuação do plano de destruição do porteiro.

Notaram que ele não é porteiro né?! É zelador o lazarento, e como tal sente um orgulho enorme disso.
Logo que mudei pra lá senti, naquela malemolência etílica característica, que a bebedeira era uma forma de mostrar quem diabos mandava naquela porteira.
Ou portaria, no caso.
Ele fica nesse vai e vem do bar à porta, com um ar de quem tem responsabilidades demais e uma vontade de dar ordem saindo pelos poros,
Essa semana o encontrei algumas vezes. Tá que tá um amor de pessoa. Continua com o bafo de pinga, mas agora deu pra me tratar feito filha. Um puto, basicamente.

O plano agora é atacar o lado psicológico:

Quando o vejo abro o maior sorriso do mundo, daqueles que antecedem o abraço efusivo, e digo: Bom dia Sr. PORTEIRO!
Como pessoa educada que sou, faço questão de a todo momento repetir: "Com licença Sr. PORTEIRO", "Até logo Sr. PORTEIRO".

Juro, dá pra ver os poros se fechando, a garganta engolindo seco e as veias se dilatando. Se estiver silêncio, dá pra ouvir claramente o borbulhar daquele estômago inchado, à beira de explodir. Da primeira vez tentou me corrigir com um sorriso amarelo feito ovo na cara: "Opa, porteiro não, zelador, hehe!" Mas como não dei ouvidos, acho que ele sacou que eu tou infernizando. Pois bem, ele que me aguente daqui pra frente. Mhuwahahaha!

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